quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Tocaia Grande, A Face Obscura – Jorge Amado

Mais um livro nacional, do nosso querido Jorge Amado, Tocaia Grande foi uma indicação do meu Pai – da época em que ele lia mais.

Pois bem, mais uma vez Jorge Amado nos leva a sua adorada Bahia para nos apresentar o nascimento de uma cidade, Irisópolis, que no inicio não passava de um punhado de casas que ganhou o nome de Tocaia Grande. Com um nome assim, e vindo de um escritor como Jorge Amado, já podemos esperar muitos conflitos, paixões, e um punhado de gente com “sangue nos olhos”, e é exatamente isso que o livro nos apresenta. Natário da Fonseca, ex-jagunço, ganhou sua patente de Capitão e terras – para a produção daquilo que parece ser a grande paixão de Jorge Amado e deu seus personagens, o cacau – após serviços prestados ao Coronel Boaventura Andrade. Um fato interessante é que a cidade, e a vila nasceram em volta do local do serviço mais importante de Natário, na época do coronelismo a disputa de poder se dava muitas vezes na base da bala, e foi em uma disputa desse tipo, em uma tranca ou em uma tocaia que Natário teve a ideia de construir uma casa para sua família no local em que ele “tocaiava” os opositores do Coronel ao qual ele servia, e também foi ali que ele profetizou o nascimento de uma cidade.

Estória a parte, Tocaia Grande se parece um pouco com outro livro que li, do próprio Jorge Amado. Assim como Suor, esse livro mostra o desenvolvimento de um lugar, não apenas como localidade – no caso de Suor, o lugar era um cortiço – mas de novo como um organismo vivo, em que cada parte de Tocaia Grande desempenha um papel importante para sua manutenção, apesar de nesse livro Jorge Amado ter desenvolvido mais alguns personagens – Capitão Natário da Fonseca é inegavelmente o protagonista – do que em Suor, ele ainda traz como grande foco a “aldeia” Tocaia Grande. Na verdade, por Suor ter sido lançado 50 anos antes de Tocaia Grande, eu arriscaria dizer que neste livro ele desenvolveu uma ideia já “imaginada” por ele, que Tocaia Grande no fundo “é um” Suor amadurecido, e maior de idade.

O livro é bem interessante, não decepciona se comparado a outros livros de Jorge Amado, e traz uma estória forte e bem desenvolvida, possui uma gama de personagens imensa, eu chegava a me perder de vez em quando, com características bem peculiares. E claro, é sempre um prazer ler um livro de um escritor brasileiro, que se passa aqui, em nosso solo, sempre fico maravilhada com a quantidade de escritores de alta qualidade que o Brasil possui, e Jorge Amado se encaixa perfeitamente neste grupo.

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