sexta-feira, 13 de março de 2015

Quando chegam as respostas – Sônia Tozzi




"Entrego... Confio... Recebo... Agradeço..." 

Mais um romance espírita para a coleção de resenhas inspiradas no misterioso mundo após a morte. 
Quem diria que fui pega de surpresa ao ler este livro e constatar que os mistérios continuam mesmo depois que vamos dessa para uma melhor. Melhor? Com essa pergunta que inicio esta reflexão e espero fazer jus a obra de Sônia Tozzi, acompanhada e dirigida pelo espirito Irmão Ivo. 

No "Quando chegam as respostas", temos a história de Jacira. Desencarnada há algum tempo, ela não consegue entender porque em sua última encarnação viveu de forma desarmônica e agressiva ao lado do marido Josué. 

Segundo relatos, a vida não para para aqueles que não vivem mas entre nós. Acordamos do outro lado, entendemos os percalços e os porquês da vida e recomeçamos trabalhando, estudando, se aperfeiçoando e nos preparando para uma nova encarnação de desafios e provações. 

Eis que Jacira está no plano espiritual trabalhando no Hospital Maria de Nazaré. Sempre acompanhada de seu instrutor, Jacob (sim, nós temos chefes no departamento de cima), ela entra em contato com diversas histórias, até mais sofridas que a sua e ali, ela passa a ampliar seu conhecimento sobre a vida e as dores de cada um. Nesse meio tempo, o leitor vai através das vivências de Jacira no Nosso Lar, conseguindo entender um pouco mais sobre o que nos espera no momento em que nossos olhos não mais abrirem neste mundo que conhecemos como Terra. 

Jacira é altamente comprometida em auxiliar os recém desencarnados da Terra no hospital em que trabalha,  porém vive com os mesmos dilemas que muitos de nós respiramos todos os dias aqui em baixo: a ânsia por obter respostas para tudo. Jacob, sempre muito paciente, lhe explica que tudo na vida possui tempo certo para acontecer e suas respostas vão chegar, porém no momento que ela estiver preparada para recebe-las.

Lendo o livro me peguei refletindo que eu faço esses  mesmos questionamentos todos os dias: Será que se eu fizer isso ou aquilo, vai dar certo? Porque Deus está me fazendo passar por determinada prova? Sou forte o bastante para suportar? O que eu fiz para merecer isso ou aquilo? Porque? Porque? Porque?

Jacira conhece espíritos que foram pessoas muito altruístas até suicidas sem perspectivas de otimismo. Conforme seus dias passam, ela esquece de suas próprias perguntas e passa a se questionar outros "porquês". Os capítulos passam acompanhados de milhares de questionamentos sobre nosso livre arbítrio, porque temos que encarnar diversas vezes, porque pessoas nascem com doenças terminais, porque crianças morrem tão jovens, porque mães sofrem abortos, porque nascemos ricos e outros tão miseráveis, porque conhecemos pessoas que só de olhar sentimos raiva ou ao contrário, um amor imenso. Ela obtém estas respostas ao longo do livro de forma instrutiva, como se estivesse em uma escola. É claro, que o livro passa a não ser uma obra composta de uma narrativa e sim um livro técnico de perguntas e respostas sobre o mundo espiritual. Para quem tem curiosidade em saber um pouco sobre espiritismo, é um livro de fácil entendimento, com perguntas claras e respostas objetivas. Diria que é um básico I para iniciantes nos mistérios da vida após morte. 

Mesmo sendo um livro, que por mim foi considerado técnico, me deixou uma lição muito valiosa:
estamos tão preocupados em entender o que se passa conosco que esquecemos que as respostas podem estar no outro, em uma determinada ação, no alçar voo de um pássaro, em uma canção que o vizinho cantarola todos os dias, no sorriso de um mendigo, em uma planta que floresce bem diante de nossos olhos. 

Quando Jacira para de olhar para dentro de si e passa a enxergar os porquês que realmente fazem diferença, ela obtém suas respostas de forma natural e espontânea, e é pega de surpresa onde mais questionamentos são feitos: "Porque eu fiz isso?" Parece que os porquês nunca cessam, não é mesmo?

E sabe qual a resposta para isso?

- Não, elas nunca vão cessar. Se um dia, um porque tiver todas as respostas, não teremos mais motivo para viver, morrer e renascer. 

Então, conforme o titulo diz: entregue, confie, receba e agradeça os porquês, buscando suas respostas dentro e fora de si, respeitando o tempo imposto para que seus porquês gerem mais porquês (desculpe desanimar, mas vai gerar mais questionamentos, sim). 

A refletir: qual porquê de sua vida, você tem a vontade de gerar mais porquês?

Deixo aqui uma frase de Allan Kardec para auxiliar na reflexão:

"Pelas simples dúvida sobre a vida futura, o homem concentra todos os seus pensamentos na vida terrena. Incerto do porvir dedica-se inteiramente ao presente. Não entrevendo bens mais preciosos que os da Terra, ele se porta como a criança que nada vê além dos seus brinquedos e tudo fazem para os obter."

As respostas definitivamente não estão onde desejamos que elas estejam, mas sim, onde é certo para nós a enxergarmos. 

Boa leitura!

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