domingo, 20 de setembro de 2015

Ender's Game, O Jogo do Exterminador – Orson Scott Card (Ender's Saga - Livro 01)

Uma ficção cientifica que trata sobre a eminente invasão da terra por “abelhudos” – uma forma de vida inteligente que evoluiu de insetos – e que traz como protagonista Andrew “Ender” Wiggin, uma criança superdotada, surpreende, não só pela estória muito bem montada e contada, como também pela densidade e intensidade que passa.

Em um mundo a beira do colapso – entre superpopulação, guerras e uma invasão extraterrestre – Ender é escolhido dentre varias crianças superdotadas como a ultima esperança da terra – pelo menos em relação à invasão extraterrestre –, e se bem treinado recebera o comando de uma esquadra: a que foi enviada ao planeta natal dos abelhudos. A partir daí as coisas só se tornam mais difíceis quando é imposto a ele um treinamento esgotante, que às vezes mais parece leva-lo a beira do colapso do que prepara-lo para uma guerra. O fato é que Ender é levado durante o livro inteiro ao isolamento e ao esgotamento, deliberadamente seus “professores” proporcionam situações e períodos estressantes: eles querem treinar um líder, e ao que tudo indica o líder que eles precisam não pode ter laços, amizades e até mesmo “coração”.

Durante o livro todo somos levados a um constante estado de tensão, principalmente ao nos colocarmos no lugar de Ender, e em diversos momentos eu realmente esqueci que a estória se passa em uma faixa estreita de idade, Ender tinha, durante toda estória, entre 6 e 10 anos – mais ou menos –, ou seja, ele foi colocado em uma situação absurdamente maçante e estressante, entre o auge a infância e o inicio de seu declínio, e em quase momento nenhum ele realmente age como um criança. Além de Ender ser um personagem extremamente maduro, inteligente e carismático, varias questões são meio que levantadas durante o livro, dentre elas, as que mais gostei foram sobre como mesmo se encontrarmos vida inteligente fora da terra talvez não soubéssemos como reconhece-la e como o contrário também poderia ocorrer – sim, eu acho meio presunçoso pensar que somos os únicos privilegiados com “inteligência” em um universo tão cheio de “espaço” –, como a falta de comunicação efetiva acaba gerando uma série de incidentes desnecessários, e como a definição de consciência e inteligência podem variar.

Mais algumas coisas me chamaram muita atenção, como o grau de manipulação que os irmãos de Ender conseguem atingir em um mundo abalado por ameaças externas e desesperado por uma solução; como o habito de presumirmos algo a partir de uma única ação pode prejudicar nosso julgamento; e como apesar de Ender ser moldado pelo treinamento ele não perde totalmente a vontade própria e sua própria maneira de pensar. Enfim, a estória não é nada decepcionante, mas a parte que eu mais gostei foi o final, muitos aspectos dele foram alterados ou suprimidos na adaptação cinematográfica (Gavin Hood, 2013), o que foi uma perda imensa para o filme. O livro todo é incrível, mas fazia um tempo que eu não lia um final tão emocionante e bem “bolado”, um final que te faz querer mais, ler mais e conhecer melhor Andrew “Ender” Wiggin.

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